Yellow Umbrella

domingo, 23 de setembro de 2012

Lectum


Ela se encontra deitada em sua cama, a dor de cabeça não a deixou dormir esta noite. Depois daquela visão, a do acidente, não tem dormido direito.
Fernanda é ateia, mas nesse momento poderia rezar para a primeira entidade espiritual que a oferecesse o cessar daquelas malditas dores-de-cabeça. Ultimamente ela comia de forma desregulada, ou não comia. Seu interesse sexual, se estivesse ali era quase nulo. Ela nunca sentiu atração por homens, e o pouco de interesse por meninas que ela tinha estava desaparecendo. Também sentia lapsos de memória, partes do dia que simplesmente não lembrava o que tinha feito. Todos esses problemas poderiam atrapalhar a sanidade mental de qualquer um, mas Fernanda só se tornou mais criativa. Quando sentia que as dores viriam, ela rapidamente apanhava um lápis e escrevia sobre pensamentos aleatórios ou fazia desenhos na parede de seu quarto, estes eram psicodélicos demais pra quem nasceu nos anos 90. Exercia suas habilidades artísticas até que o sono fosse maior que a dor, então dormia.
O trabalho a estressava, todo o dia a mesma coisa. Secretária de um escritório qualquer no centro da cidade, detestava aquele emprego. Talvez ali, naquele escritório fosse onde poderíamos encontrar sua única amiga: Marcela, a ruiva estagiária. As duas sempre conversavam sobre coisas banais, Marcela sempre foi do tipo tímida e Fernanda sempre gostou de incitar esse tipo de timidez. Não mantinham muitos interesses em comum, mas o lugar e o estresse da rotina obrigavam-as a socializar.
A faculdade era o que a mantinha viva, seu professor favorito a havia elogiado, dizendo que ela conseguira "encontrar a alma do personagem" no último ensaio. E isso a movia. Mas talvez não devesse se importar tanto com os estudos agora, sair com os colegas de vez em quando, se divertir pra variar. Eles sempre vão a uma boate aos sábados, a Yellow Night. Quem sabe se ela visitasse a tal boate num final-de-semana qualquer? Poderia convidar Marcela para não se sentir tão sozinha lá... 
Todos esses pensamentos passavam pela cabeça de Fernanda, deitada em sua cama. Desta vez não encontrou seu lápis de escrever coisas aleatórias ou seu pincel de pintar desenhos psicodélicos, só lhe resta pensar... até que durma e acorde bem novamente.


"Yellow Night"
"Por que este nome?"
"As pessoas devem vestir  amarelo?"
"Eu poderia até levar aquele guarda-chuva..."
"Bem, nunca se sabe quando pode chover nesta cidade..."
"Eu mesma presenciei estas chuvas repentinas..."
"Naquele dia..."




E assim, Fernanda dormiu. 

Um comentário:

  1. Por um momento o cursor virou um guarda chuva amarelho e eu achei isso mais interessante~ Gostei da descrição da Fernanda. ANDA E ESCREVE MAIS!!!!!!!

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