Yellow Umbrella

sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Pre- Giovanna e René


Breve explicação disso.

yellow is the theme

É agoniante saber que eu vou te perder, sendo você o único que satisfaria meu coração. 
Eu o quero, eu o desejo perto de mim, junto ao meu peito. Como uma música calma e lenta, com acordes melancólicos e ao mesmo tempo confortadores, harmonias consoantes e intervalos de meia-oitava. 


Te quero por completo, aqui.

Um dia você vai perceber. Vai perceber que sou eu a única que te merece, que te pretende. Vai perceber que solto por aí, nesta cidade, vai sofrer e provavelmente entrar em depressão.

Não! Eu não vou deixar que saia da minha vida desse jeito, não vou deixar que me abandone agora! Eu te amo! 

É inútil te ameaçar, você não entende que o meu amor é a única coisa que pode te completar. Desse jeito vai dar tudo errado, tudo errado. 

Mesmo que tente me desamparar vou te costurar a mim, bem perto de mim, ao lado da minha cama. 

"Você é doente."

Como ousa me renegar? Mesmo depois de tudo que passamos? 
Foi aquela morte, não foi?

Eu sei que foi, você não consegue esquecê-la. Por isso guardou seu guarda-chuva. 

AQUELE
            ESTÚPIDO
                            MALDITO
                                          GUARDA-CHUVA
                                                                      AMARELO.

Não vai conseguir sair daqui, você vai ficar comigo para sempre. Amor. Eu te amo e vamos ser felizes dentro deste apartamento. Só nós dois. E não adianta me lançar esse olhar, sei o que está pensando.

"A Giovanna deve estar louca", não é?

Vem cá, deixa eu te amar.

Vocês podem imaginar como a faca de cozinha foi para onde foi depois disso.

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Galeria Flavis


O conto a seguir é parte complementar dos contos Yellow Night e Giovanna e René, sugiro que leia-os para melhor entendimento. Na verdade, acho que os posts a partir daqui vão só complementar a primeira história. Mas mesmo assim poderão ser lidos independentemente. Pretendo escrever uma série de posts envolvendo a Yellow Night e mais tarde fechar o ciclo de histórias com mais ou menos uns dez posts. Espero que gostem e que isso não seja um problema! Mais uma vez ressalto que os mini-contos aqui representam pessoas que eu conheço e suas características mais marcantes pra mim.
 
Assim que alcançou o asfalto do centro da cidade Fernanda colocou os fones-de-ouvido, escolheu aquela música favorita, ajeitou o cachecol e seguiu o caminho para casa. O dia não poderia ter sido melhor, a aula tinha sido calma e relativamente não entediante, estava com todas as suas pendências em dia e hoje não havia sentido dores de cabeça (Ultimamente elas tem se intensificado). A única coisa que a preocupava era o céu que se fechava e desta vez, somente desta vez, não estava munida de um guarda-chuva.
"Eu acho que escolhi o curso certo..."
Ela divagava em seus pensamentos ao som de Yelle (uma cantora que nenhum de seus amigos conhecia) e sonhava com sua formatura, seriam pelo menos mais alguns anos cursando artes cênicas.
O clima da cidade lhe dava um fervor interno, o sol se punha no horizonte e as pessoas se agitavam mais e mais. O fato é que Fernanda estava morando sozinha pela primeira vez, e essa sensação de independência e ao mesmo tempo perigo iminente a satisfazia.
A chuva então, caiu. Repentinamente, caiu.
"Droga!" Pensou ela, enquanto fugia da chuva. Entrou correndo no maior estabelecimento comercial da região, a galeria Flavis. Nesta galeria podemos encontrar lojas de tudo, são sete blocos, três ao sul e quatro ao norte. Os três do sul eram prédios residenciais e os quatro do norte eram lojas e mais lojas. Fernanda estava perambulando pelas lojas, procurando um guarda-chuva. Talvez ela estivesse apenas matando o tempo, até a chuva parar.
A chuva não parou.
Fernanda decidiu então cruzar a galeria e sair por um dos blocos residenciais, chegaria mais rápido em casa, já que não tinha encontrado nenhum guarda-chuva nas lojas. A chuva parecia cair com mais força agora, seria impossível não chegar molhada em casa. O problema era que desta vez sua mãe não lavaria suas roupas, e ela não ouviria o usual discurso sobre levar uma sombrinha na mochila ou checar a previsão do tempo.
  Estava tudo bem, Fernanda estava quase de volta ao centro da cidade, tomando todo o cuidado pra não se molhar quando avistou uma garota de baixa estatura atirar um guarda-chuva amarelo no lixo e sair correndo. A garota usava um vestido mal-acabado, presumiu Fernanda, pés descalços, encharcada...
 Esperou a garota se afastar e pegou o guarda-chuva, que por sinal estava em perfeitas condições de uso, também notou que havia um nome gravado em baixo relevo.
"Clarissa de Sá."
  Agora só precisava andar mais algumas quadras e estaria no seu apartamento. Sua surpresa foi encontrar primeiro cruzamento depois da Galeria Flavis a menina descalça estendida, ou pelo menos o que restou dela, no asfalto. O caminhão ainda estava manchado de sangue.
Fernanda olhou para a garota e sentiu náuseas, ela parecia estar viva.
Procurou sair dali o mais rápido possível, mas a multidão que se aproximava a fez chegar ainda mais perto do local temido e acidentalmente (mas com um pouco de curiosidade), Fernanda contemplou o olhar desesperador da vítima no seu último fôlego. A cena lhe causou tanto horror que acabou por vomitar, ali mesmo.
Nesta noite, ao deitar-se Fernanda recordou das últimas palavras sussurradas pela menina descalça:
"Amarelo."
"Maldito."
"Cuidado."
E as dores de cabeça recomeçaram.

sábado, 25 de agosto de 2012

Giovanna e René

Talvez você não entenda este conto por completo se não ler este aqui.
     - Ah, por que você tá tão calado? O que eu te fiz? Está aí deitado faz tanto tempo que até esqueceu de mim, não é? - Disse ela enquanto sentava-se ao lado do namorado.
    - René, pode falar comigo por favor? Eu detesto quando você me deixa falando sozinha. Lembra daquela vez em que ficamos uma semana sem nos falar? Eu quase morri de saudade, amor...
    - Por favor, dá pra você se levantar? Sai daí, este chão está sujo! Vai acabar pegando uma gripe desse jeito! Você sabe que sua saúde é frágil, uma gripe qualquer te mataria. Se isso acontecesse seria uma tragédia, minha vida não teria mais sentido. Falando em tragédia, lembra de quando você brincou com aquela menina do beco? - Giovanna agora ria sem parar, a situação parecia realmente engraçada.
    - Só não entendi o porquê de não ter devolvido o guarda-chuva, ele é tão antiquado... É um tanto grande demais, e amarelo! Amarelo, quem em sã consciência compraria um guarda-chuva amarelo? Essa gente não tem bom-senso mesmo! Onde é que vamos parar assim? - Parou de rir, olhou para o namorado deitado no chão do quarto.
    - Por que você tá me olhando assim? Que saco... Não quero mais que me olhe desse jeito! É sério, você sabe como eu detesto esse seu olhar... - por alguns segundos ela fitou seu namorado, se perguntou, se ele estava ouvindo suas palavras. Talvez ele estivesse apenas pensando em outras coisas, nas suas individualidades... Ela sabia o quanto ele se importava com seus projetos pessoais, sua carreira profissional. E sabia o quanto isso atrapalhava o relacionamento dos dois. Ultimamente, o trabalho dele havia deixado a vida amorosa um pouco fria. Se tivesse algo que ela pudesse fazer pra que ele se reapaixonasse por ela...
    - René... Lembra de quando nos conhecemos? - Ele não parecia estar envolvido no assunto. - Bom, eu lembro muito bem! Foi naquele festival da nossa antiga cidade... Eu estava usando o primeiro vestido que eu fiz com minhas próprias mãos... O clima estava tão magnífico naquela tarde, não? - Fechou os olhos, começou a lembrar dos detalhes. - Você estava com aquela camisa... onde é que ela foi parar? Eu adoro o tecido dela... Você ficava tão lindo com ela... - Giovanna deitou ao lado do namorado e o abraçou. Ele pareceu inerte. - Naquela tarde olhamos o pôr-do-sol ouvindo aquela música... Você se lembra?
    Deitou-se no peito dele, depois de alguns minutos caiu no sono. Sonhou com o sorriso de René, o sorriso que ela viu naquela tarde de verão em sua antiga cidade. Ela o amava muito, muito mesmo. Nunca o deixaria sofrer, isso é o que ela menos queria. Por isso o preservava, com o maior cuidado. Durante o sono a menina pareceu não se importar com o fedor que o corpo em decomposição exalava, muito menos com a faca de cozinha espetada no crânio do namorado.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Yellow Night

    Dia 23 de agosto de 2012.
    Encontrou a menina na Yellow Night, a boate mais famosa da cidade. Eram quase duas da manhã quando resolveu chegar mais perto. O papo foi rápido, trocaram alguns elogios ao pé do ouvido, um beijo aqui, outro ali... Ele notou que ela estava bêbada e resolveu investir: "Quer sair daqui?", ela acharia uma frase um tanto genérica se estivesse sóbria mas simplesmente sorriu e respondeu empolgada "Pra onde?".
    Alguns minutos depois Daniel estava sobre sua moto a noventa por hora, a morena, calada, agarrada ao moço, fechou os olhos pois tinha medo de altas velocidades.
Daniel sempre fazia dessas, a Yellow havia se tornado seu novo ponto de encontro. Ali encontrava música, mulheres e bebida. Tudo num só lugar, sempre tomando o cuidado pra não se envolver. O roteiro era sempre o mesmo, balada, apê, sexo, tchau. Raramente reencontrava as moças, e se ela lembrasse dele ele cumprimentava e era sempre educado, mas não fazia gestos de reaproximação. Ele definitivamente não era do tipo que cria laços assim, tão facilmente.
    Ao chegar no apartamento Daniel notou que ela carregava um guarda-chuva amarelo um tanto grande junto a bolsa, era desncessariamente grande, pensou.
- Porque você trouxe isso pra balada? - disse ele apontando para o guarda-chuva.
- Nunca se sabe quando pode chover. né? - respondeu ela gentilmente.
    Daniel não se importou com o fato esquisito e ficou aliviado que a veria só por aquela noite. "Quem sabe o quão estranha ela pode ser". No elevador, algumas informações foram trocadas, informações fúteis, daquelas que você pode contar pra todo mundo. Ela ainda apresentava um ar de bêbada, e seu hálito fedia a vodka. Daniel tentou um amasso que por sinal foi aceito com boas-vindas, já que o guarda-chuva se encontrava no chão, junto com a bolsa na menina. Ela era tão delicada, meiga... Seu beijo era doce e ao mesmo tempo quente, sensual. Mesmo bêbada ela beija bem, isso é bom para Daniel.
    Entrando em sua casa, Daniel foi em direção a cozinha pegar um copo d'água, ofereceu à moça, que recusou. Depois disso levou-a para o quarto e juntos, aproveitaram o que tinham de melhor pra aproveitar, seus corpos. "Ela é demais!", pensou ele. Com mais vontade ele a acariciava e a pressionava, os dois estavam em perfeita sintonia naquele fim-de-noite. Algo quase cósmico, magnético. A noite inteira os dois se exploraram ao máximo, ela parecia insaciável, e Daniel deu seu melhor a ela.
    O sol dava seus primeiros raios quando o ato havia terminado, Daniel se sentia exausto, mas satisfeito. Se aconchegaram na cama como se fossem um casal normal, ele se sentiu a vontade e ela também. Por isso ela dormia em seu peito. Assim adormeceu Daniel, pensando que dessa vez pudesse ligar na semana seguinte, manter contato. Essa menina era especial.
    Quando despertou eram quase duas da tarde, se encontrava sozinho na cama. Chovia muito agora, "Ela estava certa", pensou ele, lembrando do guarda-chuva. Andou pelo apartamento e não encontrou a moça. "Cecília...? Talvez Clarissa...", tentava recordar do seu nome para perguntar à porta do banheiro. Decidiu entrar mesmo assim, a noite tão íntima com ela o deixou motivado a fazer isso. Para sua surpresa o banheiro estava vazio, não havia sinal algum dela ali. "Logo ela?". Ele queria ter algo a mais dessa vez, se sentiu decepcionado e voltou ao quarto, talvez conseguisse dormir de novo. Deparou-se com o guarda-chuva da moça à beira da cama e quando examinou de perto, encontrou um nome gravado em baixo relevo.
Clarissa de Sá. Era tudo o que ele precisava, correu para o notebook e jogou o nome no facebook. Nada. Não encontrou nenhum perfil que fosse o dela. Tentou o google e achou uma matéria de um jornal, de exatamente dois anos atrás.
    A matéria falava de uma morte grotesca, a menina havia saído da Yellow Night e sido estuprada num beco da cidade. O instrumento que mais tarde foi identificado como um guarda-chuva foi usado de várias maneiras em seu corpo e não se encontrava no local do crime. A vítima foi identificada pela família como Clarissa de Sá. A família informou também à polícia que o guarda-chuva pertencia à menina desde a infância. O que tornava o caso mais sinsitro.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Apresentação

Olá! 
Seja bem vindo ao mundo de problemas, guarda-chuvas e amarelo! Aqui você vai encontrar muitas coisas aleatórias. Sim. Será nada mais nada menos que um refúgio para as minhas ideias. Obrigado por ler e apreciar meus ideais. 
Toda a vez que usarmos a palavra problema, vamos destacá-la. Assim você poderá ver o quanto  usamos este conceito sem perceber. Ás vezes vou cair na redundância, usar problemas demais, mas isso tanto faz... Não será um problema.
Espero que gostem, e que os problemas postados aqui ajudem-os ou os faça-os perceber o quão fútil e egoístas os seus são. Até!